Recortado do Blog da Míriam Leitão:
O que já se sabe desta crise:
1-As empresas de hipotecas foram irresponsáveis na concessão dos empréstimos. Havia alertas para o risco de a bolha estourar, tava com cara de bolha e jeito de bolha, mas o mercado financeiro ganhando muito dinheiro com os papéis do subprime fingiram que aquilo era sustentável.
2-Os alertas vieram de pessoas que não trabalham nos bancos, economistas que estão fora do mercado financeiro, que são consultores, professores, pensadores independentes. José Roberto Mendonça de Barros disse tempos atrás e eu fiz uma coluna sobre isso que o mundo estava fazendo "piquenique perto de um vulcão". Há vários outros. Paul Krugman já fala há um tempão que era bolha. Quando John Snow ex-secretário do Tesouro esteve no Brasil, há dois anos, eu perguntei se aquele crescimento exuberante nào era bolha e ele garantiu que tudo era sustentável. Não viu quem estava ganhando dinheiro demais ou surfando na onda para querer ver o quanto era inconsistente.
3-Os bancos centrais tem a função de emprestadores de ultima instância e quando se forma o que eles chamam em inglês de "credit crunch" ou arrocho de crédito. Mas a ajuda tem que ser para evitar que a paralisia do mercado de crédito acabe atingindo empresa boa e bom pagador, mas não pode ser uma forma de salvar os bancos e fundos que fizeram apostas irresponsáveis porque isso produz o risco de desmoralização do sistema de supervisão bancária e monetária.
4-No Brasil há pouco papel deste tipo, o subprime, nao por méritos nosso, mas porque nossa taxa de juros é tão, mesmo agora que caiu, que nem havia interesse. Mesmo assim é possível que em algum fundo tenha um desses produtos inventdos no mercado de secutirização de dívida no qual as hipotecas de mau pagadores foram reempacotadas.
5-As agências de risco erraram de novo. Como na Ásia, no caso Enron, elas deram nota máxima a ativos cheios de problemas. Mas agora é pior, a imprensa americana e europeia estão discutindo a relação próxima demais entre agências e bancos que lançavam esses papéis. O resultado é que tem procurador americano já de olho nelas e a comissão européia pode investigar.
6-O Brasil está bem com vários indicadores como inflação, reservas, contas externas em ordem e portanto não está no centro da crise. Mas é afetado. Por enquanto mais pela oscilação de ativos e pela saida de capital aqui para cobrir prejuizos em outros lugares.
7-Se a crise piorar todos os emergentes são atingidos, inclusive nós.
8-Os Estados Unidos vão crescer menos e isso atinge o crescimento mundial, produtos que o Brasil exporta perdem valor.
9-O pior é ainda as perguntas sem respostas que são feitas no mercado internacional: quem está com o mico? qual o tamanho do mico? algum banco grande vai ser afetado?
10-É um momento de incerteza, mas não é o fim do mundo. Nós aqui neste site vamos ficar de olho e escrevendo sobre o desenrolar dos acontecimentos. Se quiser mais detalhes ouça o video nesta página ou leia a minha coluna no Globo em que eu conto como se formou a bolha. No domingo, o tema da coluna trate de outro aspecto da situação econômica atual: a relação entre as economias dos Estados Unidos e China.
sábado, 18 de agosto de 2007
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